quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Die, Die my Darling

Houve tempos em que realmente desejei estar junta, ter filhos e tudo o resto que acompanha esta nobre tragédia. Houve tempos...
Presentemente, acho que este tipo de vida fútil não encaixa na minha personalidade, aliás, nunca encaixou, só simplesmente agora o percebi. Desiludida? Nem pouco mais ou menos. Radiante é mais o termo.
Por vezes, tenho momentos mais ou menos lúcidos, isto acontece quando menos eu espero e me apetece, infelizmente para todos os que convivem comigo...
Dei por mim a ter uns "flashs" da minha suposta futura vida de mãe (ou escrava) de família. Trabalhar o dia todo, chegar a casa e cozinhar, tratar dos miúdos birrentos e mal educados enquanto o meu "esposo" roça o cú pelas paredes. Não ter dinheiro para comprar aquele perfume, fazer aquela viagem, comer fora quando me apetecer porque o "Boby e as suas crias" também precisam de livros, roupas, brinquedos e uma boa dose de paciência santa.
Já me estou a imaginar de viagem, numa carrinha em 2ª mão a caír aos bocados, o "Boby" a conduzir com uma mão no volante, outra numa mini, os putos lá atrás aos berros "Já chegámos? Já chegámos?". Ao Inferno? Completamente...
Estaria bem melhor na minha casa, sozinha ou com uns amigos a beber um copo de vinho requintado, a ouvir uma música agradável ou a ler um bom livro no sofá, deitar cedinho para no dia a seguir pegar nas malas e viajar até Cuba ou Índia só porque me apetece, sem olhar a despesas (porque não tenho putos para sustentar nem um morcão para chatear ou mandar).
Prefiro ficar sozinha a ter a companhia do "Boby" e a sua triste e egoísta descendência. Vivemos num mundo machista e ainda aspiramos a uma vida machista. Go figure...

E porque já dizia o nosso amigo e mestre Fernando Pessoa:

"Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Kafka Moments

A próxima Aldeia

"O meu avô costumava dizer: «A vida é espantosamente curta. Neste momento, comprime-se tanto na minha lembrança que, por exemplo, mal consigo perceber como pode um jovem decidir dirigir-se para a próxima aldeia sem temer que - abstraíndo já dos acidentes infelizes - o tempo duma vida normal e sem azares não baste nem de longe para tal viagem.»"


As Árvores

"Porque somos como troncos de árvores na neve. Aparentemente estão apenas pousados na neve e com um simples empurrão conseguir-se-ía afastá-los. Não, não é possível porque estão firmemente ligados ao solo. Mas reparem que até isto é apenas aparente."



Franz Kafka