quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cházinho Gelado e Tampões

Vinha a caminho de casa e lembrei-me, Foda-se, esqueci-me de comprar tampões!, peguei no telemóvel e liguei para o meu grande amigo com o qual adoro fazer compras.
- Tá lá???
- Aw yeah, what's up out there? BC's in the house!
- Olha, sou eu! Queres vir comigo ao Jumbo, pá?
- Awwwwwwwwww shit...
- Vá, deixa-te de merdas e vem-me buscar! Até já!
Passados cinco minutos, o meu amigo pára à minha porta.
- Como é que é, T.? Tá-se bem? Porra, demoraste tanto tempo! Mais um minuto e nunca mais te falava que era para aprenderes a não deixares uma lady à espera!
- Why momma? Why momma? What did I do wrong?
- Vamos mas é a despachar que eu tenho pressa.
- YEAH MOTHER FUCKER!
Prego a fundo e aí fomos nós em direcção ao estacionamento do Jumbo. Já lá dentro, e enquanto caminhávamos para as escadas rolantes vemos uma cara conhecida sentadinha em frente a um mercedes.
- Janis!!! Então, como vai isso???
A minha amiga lamentava-se.
- Oh Lord, won't you buy me a mercedes benz...
- Oh, tadinha... deixa lá Janis, quando me saír o totamilhões eu ofereço-te um!
- That´s it!
Deixei a minha amiga com um sorriso e subi as escadas com o Ice T. a meu lado. À entrada do supermercado encontrava-se um polícia, T. aproximou-se deste e sussurrou-lhe ao ouvido:
- I got my brain on hype. Tonight'll be your night. I got this long-assed knife and your neck looks just right. DIE, DIE, DIE PIG, DIE!
Rapidamente, o agente da autoridade ficou meio suado e azul, então decidi intervir.
- Vamos T., deixa lá o senhor, que mania de chatear as pessoas, pá...
- I'm Ice Mother Fuckin' T, bitch.
- Sim, sim... Olha, procura lá o corredor dos tampões que eu tenho pressa.
- Yeah, goddamn it.
Ao passar pelo corredor da fruta, e com o cantinho do olho detecto movimento suspeito na área do bom gosto.
- Ó Cházinho Gelado! Aquela não é a Dina???
- Yeah! Uh!
Com um cestinho na mão, movimentos pirosamente dançantes e olhos de bússula, Dina pegava nas frutinhas.
- Peguei, trinquei e meti-te na cestaaaaa...
Com pézinhos de lã, tentámos sair dali o mais depressa e menos barulhento possível. Não foram feitos comentários.
- Ah! O corredor dos doces!
Corri em direcção ao paraíso e quando parei fui abordada pelo único e inconfudível Amadeu Mota, que pegou num pacotito de After Eight's e, ao colocá-lo na minha mão, me confessou com a sua voz doce e terna:
- Tu és chocolate, tu és peppermenta...
- Oh, que querido! Tou de dieta...
Bazei rapidamente antes de caír na tentação.
Continuámos a nossa demanda quando de repente escorrego na água que estava inesperadamente no chão. Olho em frente e vejo Shirley Manson, a vocalista dos Garbage, debaixo de um chuveiro.
- Shirley! Há quanto tempo!... Que fazes aí debaixo??? Ainda te constipas, rapariga!
- I'm only happy when it rains...
- Ah, pronto, então tá bem. Adeus!
- T., por acaso não tens um lencito de papel, não? Fiquei toda molhada...
O meu companheiro baixa-se, apanha papel e dá-me. Era um dos muitos rolos de papel higiénico que se encontravam no chão. Tentei observar melhor o meio, aquilo não era nada normal. No topo de um monte de papel higiénico em promoção encontrava-se o grande pequeno Bruce Dickinson dos Iron Maiden.
- Ó Bruce, que estás aí a fazer, homem???
- Run to the Hills, run for your lifeeee...
- O.K... Será que lhe digo que aquilo é papel higiénico? É melhor não...
- IT'S REAL FUCKED UP!
- Vamos continuar enquanto temos uma réstea de sanidade mental, mas não digas a ninguém.
- Yeah. Fuck that.
Mais à frente, encontrava-se a secção das bicicletas e dos triciclos e, claro está, encontrei os meus amigos AC/DC, todos muitos juntinhos num triciclo piqueno.
- Onde vão vocês de triciclo???
Todos juntos e claramente em uníssuno, respondem-me com os corninhos no ar:
- I'm on the Highway to Hell!!!
- Ena pá! Então depois quando lá chegarem telefonem, hã! Boa viagem!
Finalmente chegados ao corredor dos tampões, o meu amigo suspirou de alívio, eu agarrei uma embalagem e depressa nos dirigimos à Caixa para pagar. À minha frente encontrava-se já instalado o gigante Meatloaf com três carrinhos de compras.
- Ó Rolinho de Carne, por acaso não me queres deixar passar à frente??? Só tenho uma embalagem de tampões, pá! Faz lá o jeitinho...
- And I would do anything for love, but I won't do that...
- Gordo...
Atrás de mim surge uma cabecinha a espreitar e que se dirige ao Rolo de Carne.
- Instant Karma's gonna get you!
- John Lennon pá! Dá cá um abraço! Tens andado desaparecido, não pode ser! Temos de combinar um café, uma manif, ou assim...
Aquilo demorava e eu não percebia porquê. Decidi espreitar e mais à frente estavam reunidas todas as meninas das Caixas de volta de alguém e só se ouvia risadinhas e via baba no chão.
- Tom Jones, és tu que tás aí entre as meninas???
Tom consegue soltar-se delas e com toda a elegância pega no microfone da Caixa.
(Tururu)
- It's not unusual to be loved by anyone, It's not unusual to have fun with anyone...
- Lindo pá! Ah, ganda Tóm Jónes! Agora uma pra mim, uma pra mim!!!
Tom ajoelha-se a meus pés e canta:
- My, my, my, delilah, Why, why, why, delilah...
- Mas é Xana...
- I could see that girl was no good for me...
Frustada, lá paguei e saí com o Cházinho Gelado a meu lado a tentar animar-me.
- So every year when Body Count comes around, we throw an orgy in every little Southern town. KKK's, Skinheads and Nazi girls break their necks to get to the party.
Não resultou.
- Nah... deixa estar, eu fico bem.
À entrada do estacionamento e encostado a um poste estava o meu amigo de longa data, Jim Morrison que, com uma mão segurava um charro e com a outra revirava os bolsos.
- Jimmy! Então, precisas de alguma coisa?
- Come on baby light my fire...
- Isso roda ou como é?
Sentámos no chão encostados à parede e fumámos. Daí a pouco juntou-se a Janis, fumámos mais e ainda bebemos também, enquanto o nosso amigo cantava.
- This is the End, my only friend, the End...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Bleeding Me

Perdida no cansaço da monotonia, arrasto-me dia após dia. Pé ante pé vou caminhando na direcção do nada, daquilo que é estranho em mim. Não existe sentido nas coisas, não há uma lógica no meu andar, tudo é confuso e distante. Uma reviravolta brusca esbofeteou-me e, no meio da solidão, eu compreendi mas, quando eu mais precisei de mim, da minha referênciada sanidade mental, da graciosidade do meu bom humor, não estava lá, pois já não era eu, o meu mundo que sou esfumou-se e talvez não o volte a encontrar.
O Planeta continua igual, tudo continua a funcionar, a vida não pára, apenas eu me transformei, eu, o ser agora abominável aos meus olhos que também repudio. Sou o pó de outros tempos, sou tudo e sou nada.
Eu sou a coisa que me faz sangrar...


I'm diggin' my way
I'm diggin' my way to somethin'
I'm diggin' my way to somethin' better
I'm pushin' to stay
I'm pushin' to stay with somethin'
I'm pushin' to stay with somethin' better
I'm sowing the seeds
I'm sowing the seeds I take
I'm sowing the seeds I take for granted
This thorn in my side
This thorn in my side is from the tree
This thorn in my side is from the tree I've planted
It tears me and I bleed
And I bleed
Caught under wheels roll
I take the leash
I'm bleeding me
Can't stop to save my soul
I take the leash that's bleeding me
I'm bleeding me
I can't take it
Caught under wheels roll
Oh, the bleeding of me
Of me
The bleeding of me
Caught under wheels roll
I take the leash
I'm bleeding me
Can't stop to save my soul
I take the leash that's bleeding me
I'm bleeding me
I can't take it
Caught under wheels roll
Oh, the bleeding of me
Oh, the bleeding of me
I am the beast that bleeds the feast
I am the blood
I am release
Come make me pure
Bleed me a cure
I'm caught, I'm caught, I'm caught under
Caught under wheels rollI take that lease
I'm bleeding me
Can't stop to save my soul
I take the leash that's bleeding me
I'm bleeding me
I can't take it
I can't take it
I can't take it
Oh, the bleeding of me
I'm diggin' my way
I'm diggin' my way to somethin'
I'm diggin' my way to somethin' better
I'm pushin' to stay
I'm pushin' to stay with somethin'
I'm pushin' to stay with somethin' better
With somethin' better

Metallica, Bleeding Me

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

The Unnamed Feeling III

Olhei o desconhecido com surpresa, nunca o esperaria à minha porta na manhã seguinte e agora aqui estava ele, acompanhado por uma mulher alta e bem vestida, Podemos entrar?, perguntou o meu amante de há umas horas atrás. Só nesse momento reparei com exactidão no seu aspecto, a noite anterior tornara-se muito difusa na minha cabeça, não me recordava bem mas agora olhava-o com interesse, um homem alto, cabelos negros ondulados apanhados num rabo-de-cavalo, olhos escuros e misteriosos, roupas descontraídas e um porte atlético. Claro, respondi eu sem saber bem o que esperar, toda a cena era estranha e punha-me nervosa, Sentem-se, vou só vestir qualquer coisa mais apropriada. Entrei no quarto e vesti as primeiras jeans e t-shirt que me apareceram à frente e voltei à sala ainda a pensar no que o poderia levar ali com aquela mulher, Então o que vos traz aqui?, esta pergunta saíu-me meio engasgada enquanto o calor me subia pelo corpo. Pois é doutora, uma grande coincidência, ao que parece a minha irmã estava a precisar de umas consultas, peguei no seu cartão e trouxe-a cá, já agora apresento-lhe, é a Madalena. A mulher esboçou um leve sorriso na minha direcção, Fez muito bem...humm..., não sabia o seu nome, voltei a corar, mas rapidamente me respondeu, Miguel..., então muito prazer em conhecê-la Madalena, eu sou a Dra. Laura, disse ainda meio embaraçada enquanto lhe apertava a mão, Encantada Dra. Laura e, por acaso, não se importará que utilize a sua casa-de-banho, não? Indiquei-lhe o caminho e recostei-me no sofá. O estranho, agora entitulado de Miguel, olhava-me com curiosidade quando, rapidamente, se inclinou para a frente e começou a falar, Doutora, queria pedir-lhe desculpa por aparecer aqui na sua casa sem avisar nem ser convidado, mas assim que a minha irmã me confessou que precisava de um psicólogo logo me lembrei de si. Ainda me trata por "Doutora", engraçado... Por favor, trata-me por tu, depois da noite de ontem esse cordialismo não faz qualquer sentido. Confesso que fiquei algo surpresa, mas não tem qualquer problema, aliás, eu é que agradeço o jeito. Era verdade, uns trocos extra vinham mesmo a calhar caso Madalena passasse a ser minha paciente e tentei dizê-lo com o ar mais profissional possível mas perante a reacção que viria a seguir, julgo não o ter conseguido, Sabes, Laura, não foi só a minha irmã que aqui me trouxe, na verdade precisava de te ver mais uma vez... e baixou a cabeça assim que terminou, fiquei naturalmente sem graça, não tinha jeito para estas coisas, não sabia o que dizer ou fazer, felizmente Madalena tinha voltado e se sentado graciosamente no meu sofá, aproveitei e voltei-me para ela, Madalena, hoje já tenho marcações mas deixe-me ver a minha agenda e combinamos num outro dia para discutir o seu caso, peguei na agenda e marquei o dia, com um sorriso mais afável anuiu e despediu-se enquanto Miguel se deixou atrasar, olhou para a irmã e com algum receio disse-lhe, Lena, vai descendo que eu já te apanho, e olhou para mim à espera que eu concordasse, simplesmente acenei com a cabeça algo contrariada, Gostaria de voltar a ver-te, disse-me, perguntei-me se seria essa a minha vontade também mas naquele preciso momento a resposta não surgiu pelo que concordei para não ser indelicada, Amanhã à noite estou disponível, passa por cá...



Eram nove horas da noite quando dei por mim a pensar no Miguel enquanto lavava a loiça do jantar; devia estar a chegar. Nem sei se fiz bem em convidá-lo, quer dizer, por um lado adorei aquela noite no metro, inesperado e excitante, foi realmente bom, por outro não o conheço minimamente bem nem tão pouco queria uma relação, por mais colorida que fosse, neste momento da minha vida os homens não cabiam nela. Acabado o pensamento ouve-se a porta. Olá Laura, como estás? Posso entrar? Deu-me um beijo na face e entrou, dirigiu-se à pequena mesinha da sala e pousou uma garrafa de vinho, Onde estão os copos?, Quem disse que eu queria beber? , Ali naquele móvel à esquerda, estava definitivamente "com a mosca" e, por isso, fiz o esforço. Liguei a aparelhagem, coloquei música ambiente, tentei ser simpática, Queres comer alguma coisa? Tenho bolo de mel... Sorriu-me e recusou pelo que nos sentámos no sofá a beber o vinho que tinha trazido consigo. Conversámos durante um par de horas, fiquei a saber mais um pouquinho sobre ele, quando acabam o vinho e as desculpas para não repetir o excelente sexo. Investiu sobre mim com autoridade, beijou-me apaixonadamente ao mesmo tempo que me rasgava a blusa e os botões saltavam pela sala e eu, não mostrando resistência, deixei-me levar ali estendida no sofá à mercê do seu poder físico. A sua cabeça perdeu-se nos meus seios, beijava-me enquanto descia até chegar ao meio das pernas, a sua língua era quente e macia e lambia-me agora o clítoris com alguma rapidez ao mesmo tempo que os seus dedos me penetravam com profundidade, senti orgasmos memoráveis até não poder mais, agora era a minha vez, inclinei-me sob o seu pénis e engoli-o várias vezes até ele se vir para dentro da minha boca mas tal feito não o esmoreceu, pois depressa pegou em mim e colocou-me ao seu colo, ainda estava duro e eu voltei a estremecer de prazer.
Acendi um cigarro, Miguel passava com os dedos levemente no meu cabelo, Laura, eu...bem, acho que quero continuar isto... virei-me na sua direcção sem saber o que dizer mas assim que o olhei bem, respondi, Isto, o quê? Fez uma expressão confusa mas logo retorquiu, Quero-te para mim..., pois agora é que temos o "caldo entornado", levantei-me bruscamente e comecei, Olha, Miguel, gostei muito desta nossa aventura, o sexo é realmente excepcional mas eu neste momento não quero nada nem ninguém, percebes? Não queria ter que te dizer isto mas não me deste hipótese. Miguel levantou-se, vestiu-se e saiu sem abrir mais a boca. Bem, ao menos foi em paz e sem barulho, pensei. Apaguei o cigarro e fui dormir.
Um mês se passou e não soube nada dele, em contrapartida as sessões com a sua irmã corriam bem. De noite, peguei no livro que andava a ler e fui para a sala, acendi um cigarro e continuei a folhear quando tocam à porta, pousei o livro e fui abrir. Miguel?...


To be continued...