segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sinais de Merda

Este fim-de-semana tive o prazer de aceitar um convite do meu grande amigo pr'a ir ao cinema. Depois de uma tarde muito bem passada com a minha Patrícia por Lisboa e do belo do hambúrger no tão simpático Irish Pub, lá fui eu direitinha pr'ó Fórum Almada. Ainda demorámos a escolher o filme, pensámos em ir ver um que até parecia interessante mas eu, como volta e meia tenho diarreias cerebrais (desculpa lá qualquer coisinha ó Ruca Manel...), lá o convenci (triste momento) a irmos ver "Os Sinais do Futuro" com o Nico Jaulas (Nicholas Cage). Tudo muito bem até ter começado o raio do filme, quer dizer, a princípio até parecia bem, mas entretanto lá apareceu o Nico com a sua cara de mosca morta e com as suas famosas cenas, ditas dramáticas, muito forçadas. A certa altura, percebe-se que supostamente seria um filme de ficção científica, mas para mal dos nossos pecados, o senhor que escreveu tal ínfamia pouco percebia disso... Todo o filme é um enorme cliché e dei por mim, várias vezes, a pensar "mas onde é que eu já vi isto..." . Mas o que mais me custou mesmo foi o fim porque, para além de ser completamente previsível, ainda hoje me pergunto (e já passaram dois dias) mas em que raio pensaram aqueles gajos quando largaram pr'a ali as crianças no meio do nada... quer dizer, então mas era suposto as crianças comerem o quê??? Vá, fiquem pr'a aí e agora desenmerdem-se??? Pronto, levaram os coelhinhos, se a fome for muita que se lixe a fofura, e vai cru e tudo porque não há tempo pa ensinar a fazer fogo, nem a caçar nem o raio que o parta. Não sei se mais alguém pensou nisto, provavelmente só eu é que penso nestas parvoíces, mas como o filme é tão mau, acho que estou desculpada.
Por fim, quero alertar os meus caros amigos companheiros palhaços para fugirem deste filme, aliás, qualquer filme recente com o Nico Jaulas é de fugir e, na minha humilde opinião, acho que ele deveria fazer qualquer coisa aquela amostra de cabelo, pl'o amor da santa, ó Nico...

domingo, 26 de abril de 2009

Não quero nada...


NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos

sábado, 25 de abril de 2009

Não para todos...Só para loucos


"Existe um número bastante significativo de pessoas do mesmo género de Harry; entre os artistas, sobretudo, há muitos que pertencem a essa casta. São pessoas que têm em si duas almas, duas essências, neles o divino e o diabólico, o sangue materno e o sangue paterno, o dom da felicidade e o dom do sofrimento, co-existem e interpenetram-se tão hostil e desordenadamente como o lobo e o homem em Harry. E essas pessoas, cuja vida é de imenso desassossego, experimentam por vezes nos seus raros momentos de felicidade uma sensação de tão indizível beleza e de uma tal intensidade, a escuma dessa momentânea felicidade inrompe por vezes tão alta e resplandecente por sobre o mar do seu sofrimento, que essa felicidade breve e luminosa na sua irradiação também aflora e enfeitiça os outros. É assim que nascem, como espuma de felicidade fugaz e preciosa acima do mar do sofrimento, todas aquelas obras de arte pelas quais um só homem sofredor se elevou tão alto, no espaço de uma hora, acima do seu próprio destino, que a sua felicidade irradia como uma estrela e aparece a todos os que a vêem como algo de eterno, e como o seu próprio sonho de felicidade. Todas essas pessoas, quaisquer que sejam os nomes dos seus actos e das suas obras, não têm realmente vida de espécie nenhuma, quer dizer, a sua vida não é existir, não tem forma, não se trata de heróis, artistas ou pensadores no sentido em que os outros são juízes, médicos, sapateiros ou professores, não, a sua vida é um fluxo, uma rebentação eterna e penosa, é miserável e dolorosamente despedaçada, e é horrenda e vazia de sentido, se não estivermos dispostos a descobrir-lhe um sentido naquelas tais raras vivências, acções, pensamentos e obras que resplandecem por sobre o caos de uma vida assim. Entre os homens dessa espécie nasceu a perigosa, a terrível ideia que talvez toda a vida humana não passe afinal de um grande equívoco, de um aborto violento e fracassado da Mãe primeira, de uma tentativa selvagem e sinistramente malograda da Natureza. Mas entre eles surgiu também aquela outra ideia de que o homem talvez não seja apenas um animal medianamente racional, mas antes um filho dos deuses, e destinado à imortalidade."

Hermann Hesse, O Lobo das Estepes

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Canção de Embalar

Certa noite estava eu muito bem no conforto dos meus lençóis a dormir que nem uma perdida, como é habitual, quando inesperadamente e quase como um relâmpago, sou acordada por algo que, infelizmente, nunca esquecerei e soava a qualquer coisa como "TOOOMAAA!!!". Abro os olhos e penso "mas que caralho foi esta merda??? São três da matina, fdx...". Consciente de que teria de me levantar ás seis, tento novamente adormecer quando, mais uma vez, oiço aquela voz extasiada aos gritos "TOOOMAAA!!!". Puta da vida e com os olhos em chamas, também mando um berro "Ó pimpolho! E se mandasses a foda a horas decentes???". Já do andar de cima oiço algo diferente agora, algo como "UUUOOOIII!!!". Estava porca como tudo mas não pude deixar de pensar na pobre rapariga, que está a "levar com ele" e a ouvir gritos do tipo "toma"...que tesão!...enfim... Bem, este cabrão não me deixa dormir hoje mas eu, como sou pouco fresca, amanhã terei a minha vingança! Umas horas mais tarde (poucas...) lá me arrastei para a banheira, tomei o pequeno-almoço calmamente e saí de casa. Detenho-me à porta da rua quando tive a ideia brilhante (ou parva) de tocar à campaínha do excelêntíssimo filho da puta. Minutos mais tarde e, depois de já estar com o dedito a congelar (estava frio pra cacete) oiço uma voz meio apagada do outro lado "Quem é?" ao que eu gentilmente e bem alto respondo "TOOOMAAA!!!". E fugi! (já estava atrasada e tal...)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Hasta Siempre...

Este Post quero dedicar aos meus queridos amigos Lili e Paulinho. Vocês são as pessoas mais bem dispostas, prestáveis e porreiras que eu tive o prazer de conhecer. E... porque o Avante sem vocês não tem graça!
Love you guys!!!

(Fdx, ando mesmo lamechas...lol)



Nathalie Cardone, Hastra Siempre


Aprendimos a quererte
Desde la historica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso un cerco a la muerte
Aquí se queda la clara
La entrañable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara
Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa
Aquí se queda la clara
La entrañable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara
Como revolucionario
Que conducía nueva empresa
Donde espera la firmesa
De tu brazo libertario
Aquí se queda la clara
La entrañable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara
Seguiremos adelante
Como junto a tí seguimos
Y con Fidel te decimos
Hasta siempre Comandante
Aquí se queda la clara
La entrañable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara
Che: " Esa hora irá creciendo cada día que pase, esa hora ya no prará más".

Ao meu mui estimado amigo

Nestes últimos dias tenho-me dedicado à grande prenda que tiveste a bondade de me oferecer. Ouvir este album traz-me recordações, imagens e cheiros de tudo o que de bom a minha adolescência me deu.

Para o meu Amigo, o meu Companheiro, o meu Professor, aqui vai a letra de uma das músicas que mais adoro.
R.M., esta é pr'a ti! *tchu pá*




"Black"

Hey... oooh...
Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay
Were laid spread out before me as her body once did.
All five horizons revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed has taken a turn
Ooh, and all I taught her was everything
Ooh, I know she gave me all that she wore
And now my bitter hands chafe beneath the clouds
Of what was everything.
Oh, the pictures have all been washed in black, tattooed everything...
I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter, so why do I sear?
Oh, and twisted thoughts that spin round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning
How quick the sun can drop away
And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything?
All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...
All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be... yeah...
Uh huh... uh huh... ooh...
I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a sun in somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, can't it be mine
Aah... uuh..

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Spiderman

"Vamos embora daqui?". As palavras saem da sua boca ainda meio a tremer. "Sim, é melhor...". Entram dentro do carro e ele acelera o mais que pode até ao destino. Pára o carro e muito calmamente olha para ela; os seus olhos claros brilham, as pupilas dilatam. Ela chega-se mais perto dele; o cheiro da sua pele deixa-a tonta, os seus lábios perfeitos emanam um hálito quente e doce. "Deixas-me louca...". As suas mãos grandes e ásperas tocam-lhe ao de leve na face suave e rosada e, como que num impulso, ele beija-a sôfrego de desejo. "Subimos?". Já no quarto, os seus corpos deslizam até à cama e entrelaçam-se um no outro; sem pudores, sem vergonha, vão-se despindo rapidamente. Ele desce, a sua boca prende-se nos seus joelhos e vai subindo até chegar ao clítoris enquanto os seus dedos a penetram com rapidez. "Humm...és tão bom...". Ela geme de prazer enquanto lhe toca também; levanta-se, coloca-se de frente para ele e num gesto natural toda a sua boca acolhe o seu arco retesado. Ele pega nela e coloca-se por cima; penetra-a finalmente e ela conseguiu sentir todo o seu poderio, animal, selvagem. "Estás a gostar?", pergunta ele enquanto a penetra com mais violência. Ela agarra-o, arranha-o, grita e chora de prazer. "Sim! És tão bom...".
Extasiada e cansada acompanha-o à porta, despedem-se com um beijo algo incomodado. "Até qualquer dia...". Ele partiu, mas deixou algo nela que a marcou, algo que transcende o prazer, a amizade, talvez até o amor. Algo que nunca fará sentido em palavras, apenas em momentos. "Sim, até qualquer dia...".


On candystripe legs the spiderman comes
Softly through the shadow of the evening sun
Stealing past the windows of the blissfully dead
Looking for the victim shivering in bed
Searching out fear in the gathering gloom and
Suddenly!A movement in the corner of the room!
And there is nothing I can do
When I realise with fright
That the spiderman is having me for dinner tonight!
Quietly he laughs and shaking his head
Creeps closer now
Closer to the foot of the bed
And softer than shadow and quicker than flies
His arms are all around me and his tongue in my eyes
"Be still be calm be quiet now my precious boy
Don't struggle like that or I will only love you more
For it's much too late to get away or turn on the light
The spiderman is having you for dinner tonight"
And I feel like I'm being eaten
By a thousand million shivering furry holes
And I know that in the morning I will wake up
In the shivering cold
And the spiderman is always hungry...

The Cure, Lullaby

domingo, 19 de abril de 2009

The Unnamed Feeling

Mais um dia de trabalho. Felizmente vou-me pôr a andar daqui. Desço as escadas do metro, dirijo-me à linha. Olho em redor e para meu espanto não vejo ninguém naquela paragem, não é normal em hora de ponta... Espero. Lá vem ele, finalmente, mal posso esperar por chegar a casa e tomar um banho. Entro na carruagem, não está ninguém. Mas que raio?! Que se passa hoje?! Sento-me à janela, não que a vista seja muito bonita dentro do túnel do metro mas ao menos, se entrar alguém, não se há de roçar no meu braço, detesto quando isso me acontece mais do que devia. "Próxima paragem: Intendente". Será que entra alguém nesta?... Sim! E pr'a mal dos meus pecados até tem bom aspecto...Pergunto-lhe se sabe porque estará o metro vazio ou deixo-me ficar no meu canto? De repente olha pra mim e vem sentar-se à minha frente, já não tenho como não perguntar..."Desculpa, por acaso não sabes porque somos os únicos no metro, não?". Bem devagarinho, olha-me todo o corpo desde os pés à cabeça e pára nos meus olhos. Sustive a respiração, nunca ninguém me olhara daquela maneira. Acena com a cabeça que não sem tirar os olhos de cima dos meus. O seu olhar atinge-me entre as pernas. Isto excita-me. Começo a transpirar, tiro o casaco. À minha frente, despe-se também. Não aguento mais. "Próxima estação...". Tiro a roupa toda sem sair do meu lugar, o mesmo diante dos meus olhos. Começo a tocar-me, os dedos percorrem todo o meu corpo e demoram entre as minhas pernas, abro-as e olho novamente em frente. "Ajoelha-te e lambe..."

To be continued...
Às vezes tenho ideias felizes
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despejam…
Depois de escrever, leio…

Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto?
Isto é melhor do que eu…
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta

Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?

Álvaro de Campos

terça-feira, 14 de abril de 2009

Ameaça de Morte

Estimado Sr. Rui,
Creio em boa fé ter depositado o enorme peso do primeiro post ao tio Vergílio pois não sei se vossa excelência terá reparado que tal fala de palavras, que é o que nós blogueiros da treta vomitamos pra aqui, capisce? E só pra não estares com merdas os meus próximos posts vão ser dedicados ao Mestre, simplesmente precisava de tempo pa reunir estas tão mui estimadas pérolas literárias. E agora, ficareis também mui contenti???

Com os mais cordiais cumprimentos (FUCK!YOU),
Pearl

Mas que raio puseram eles na Sheeshaa?!

O vento soprava gélido... a violência do mar rompia a encosta... os lobos uivavam ao luar assombroso... Népia, nada disso, foi no aniversário da Lili se bem me recordo. Depois de fumarmos uma sheeshaa e bebermos uns copos, vomitámos esta bela merda para o papel! Cá vai:
Era uma vez um sapo que cheirava a bananas e um belo dia apareceu um macaco, chamava-se Xanixa Alfa, junto do seu grupo pronta para dar uns belos tiros no mister J. E depois fez uns furos no pé a correr ao pôr-do-sol alaranjado do meio-dia que, por sua vez, fazia lembrar as labaredas solstícias dos fogos fátuos e, de repente, apareceu o gajo da lenda do cavaleiro sem cabeça mas como não tinha tola caíu do cavalo e partiu-se todo. A caminho do Garcia da Horta encontrou a macaca Alfa que lhe indicou o caminho para as urgências onde encontrou mais tarde toda a vida a encanta e fez bip à vida. Era noite cerrada, os pipius cantavam, a gaja saía da casa-de-banho que emanava um cheiro deveras insípido, de certa forma semelhante a um estúdio pornográfico de alta qualidade, então lembrou-se que talvez se tinha esquecido de limpar as nalgas, verificou manualmente que a sua suspeita tinha sentido. Após uma lavagem no elefante azul, encontrou a macaca alfa a mexer no tchampô para uso pessoal mas de repente, puxa o gatilho e despeja o tchampô em cima do lagarto que apareceu no meio do lixo, que estava a snifar uns pózinhos mágicos e que, se seguida, enfiou no esfíncter de senhora sua esposa para compensar a falta de cocaína que consumia em largas quantidades industriais para conseguir atingir o tão desejado prazer sexual. Sempre que a dita cuja podia ía ao Jardim Zoológico realizar verdadeiras orgias com todos os macacos, gorilas e outros primatas que apanhava pela frente. Um dia, apareceu o guarda, disse à macaca que o importante não era a diversidade mas sim a verdadeira jornada do amor apocalíptico escondido dentro do seu interior feminino, portanto borrifou-se para tudo e foi cantando o tiroliro com o resto da bicharada no deserto enfadonho...blá...blá...biiippp...zzz...

Ordinary World

"Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras."

Vergílio Ferreira, A Aparição